++ INSÔNIA: NESTES DIAS...

13 dezembro, 2006

NESTES DIAS...

O clima parece estar louco ou de sacanagem comigo. Amanhece frio mas na volta acabo somente vestindo somente as calças, com o agasalho e a camisa nos braços para não suar neles. Pelo menos desta vez o calor parece ter vindo pra ficar, um calor úmido... durante à noite, não é difícil imaginar que os lençóis tem tentáculos.
As lembranças não ajudam. Historias que devo apagar, escritas com tanta força que mudam a anatomia da página. Devo apagar esses pensamentos considerados bons, felizes, elementares para uma vida sadia em sociedade... a merda da sociedade deles! Pensamentos antigos, do tempo em que o Sol era algo mais que uma estrela de quinta grandeza próximo da Terra, do tempo em que a chuva era causada por Deus mijando fora do vaso sanitário. Lembranças que podem fazer com que baixe a guarda! Baixar a guarda é perigoso.
Mencionei “a merda da sociedade deles”, a sociedade onde os malandros vivem dos tontos e os tontos de seu trabalho. A sociedade que demonstra que o “sistema funciona”. Só numa sociedade destas para aprovar quem te apunhala pelas costas. Favorecem a si mesmos e a poucos escolhidos e quem se esforçou fica gritando às paredes.
Porra de calor! Nem bem começo a secar uma parte do corpo, após o banho, pra outra parte começar a suar!
Estes estão sendo os dias por aqui. Dias quentes e raivosos. Numa madrugada destas um não resistirei a tentação de pendurar um filho da puta pelos polegares. Numa madrugada destas desmancharei uma destas "lembranças perigosas"... mutilarei minha própria humanidade. Deixarei uma parte que o sistema não goste de mastigar.
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Bem, a despensa esta quase vazia: ainda há um resto de macarrão, óleo, alho e pimenta. Me pergunto se há algum mérito em comer macarrões instantâneos. Encontrei uma caixinha de creme de leite: Alho mais a pimenta, improvisarei um creme branco.
Gostaria de me concentrar mais na cozinha, assim lembraria que deveria vestir uma camisa pelo menos quando fritar alguma coisa. Seria mais fácil lembrar disso se meus pensamentos não estivessem cheios de uma morena de olhos castanhos e amendoados, meio cigana, lábios carnosos... uma visão de beleza, como já tive oportunidade de dizer à ela tantas vezes. Se estivesse no paraíso com ela, não escolheria entre vida eterna e a fruta! Não haveria escolha! Seria sempre ela! A eternidade em troca de momentos com ela! Morderia a fruta só porque foi oferecido por ela... merda! Ela tem razão: sou um tapado! Jogar assim... desse jeito... não sou eu! De repente entendo como deve se sentir uma traça atraída por uma labareda: ela é casada e não tenho vocação pra Lancelot ou Brás Cubas. Não pensei que encontraria uma loba assim... É! Loba é o quê ela é! Bela e senhora, sabe o que tem e sabe como usá-lo. Agora me tem aqui, com o coração como um cordeiro ferido pelo seu olhar, pelo seu cheiro, sua pele morena, macia e quente... pela visão dela andando com aquele shortinho amarelo e a camiseta apertada bem cedo de manhã e com o banho recém tomado.
Alguns respingos de óleo quente me “acordam” ao fritar o alho, é melhor jogar logo creme de leite para preparar o creme branco, se ao menos tivesse algo de amido de milho. Consolo-me acreditando que a esquecerei em pouco tempo se não voltar a vê-la. O quê não devo esquecer é de vestir alguma camiseta quando decidir fritar algo... ou pelo menos manter a frigideira afastada do corpo... maldito shortinho amarelo.